segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pó de Guaraná, Energéticos: Até onde são saudáveis?

Fruto do Guaraná
Guaraná e outros estimulantes podem causar dependência
AMARO GRASSI
Colaboração Folha de S.Paulo


A prática é conhecida, tolerada, por vezes incentivada. Seja para trabalhar, estudar ou curtir uma balada, o uso de estimulantes inibidores de sono é encarado com naturalidade por muita gente --mas, segundo especialistas em dependência química, pode ser perigoso para a saúde.
Uma enquete da revista "Nature" divulgada em abril já havia dado o alerta. No levantamento, realizado pela internet com cientistas, 20% dos entrevistados disseram já ter utilizado medicamentos psiquiátricos para manter o estado de vigília. São, em geral, drogas lícitas, mas que precisam de prescrição médica, como o metilfenidato (vendido com os nomes comerciais de Ritalina e Concerta).

Eder Chiodetto/Folha Imagem

Frutos do guaraná, matéria-prima do guaraná em pó; consumo de alimentos que contêm cafeína podem causar dependência. No Brasil, é conhecido o uso que deles fazem estudantes universitários, adolescentes que freqüentam festas e trabalhadores com elevada carga horária. Além do metilfenidato, são utilizados pó de guaraná, energéticos e, o mais problemático, anfetaminas.

"Em adultos que precisam cumprir longas jornadas de trabalho, o uso principalmente das anfetaminas vem crescendo muito", afirma o toxicologista Ovandir Silva, diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Toxicológicos e Farmacológicos. Em empresas por ele estudadas, chega a ser mais freqüente do que drogas ilícitas comuns, como a maconha. Embora muito associado a caminhoneiros, que consomem o chamado rebite, Silva ressalva que o uso de anfetaminas é "muito democrático, está em todas as camadas sociais e econômicas".
Resultados:

As conseqüências do uso dessas substâncias podem ser graves. A começar pelos efeitos do sono insuficiente. Segundo o pesquisador Elisaldo Carlini, do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a pessoa que não dorme, no longo prazo, pode ficar com o raciocínio mais lento e desenvolver dificuldades de contato social.
Para especialistas, é nos jovens que a prática assume dimensões preocupantes. Segundo a psiquiatra Jacqueline Giusti, que trabalha com adolescentes usuários de drogas no Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), o uso de anfetaminas e de metilfenidato é comum em festas, sobretudo em raves, geralmente misturadas com álcool.
Além da dependência química, o uso dessas substâncias pode gerar dependência psicológica, principalmente quando o jovem inicia sua vida social por meio delas. "Eles começam a desenvolver essas atividades [fazer amizades, namorar] com o uso da droga e acabam ficando presos. Não sabem mais fazer isso sem a droga", diz Giusti. Segundo ela, esses medicamentos, que dependem de prescrição médica, são obtidos de forma ilícita em farmácias e pela internet, inclusive com teleentrega.
No caso de quem recorre a esses artifícios para estudar, o efeito pode ser o inverso do esperado. Com o tempo, o estudante acaba tendo um rendimento abaixo do normal, principalmente devido às poucas horas de sono. O médico F. R., 27, diz que nos últimos anos da faculdade recorria a anfetaminas para cumprir a carga horária do plantão, que podia chegar a 48 horas seguidas, e ainda realizar as provas. Hoje, ele trabalha em um grande hospital da capital paulista e afirma ter deixado de usar o remédio.

F. R. conta que chegou a tomar três comprimidos por semana. Segundo ele, a droga de fato melhora a capacidade de raciocínio. Mas, ao final, provoca cansaço e sonolência. "A prática é generalizada", assegura ele.

Para a psiquiatra Ana Cecilia Marques, da Associação Brasileira de Psiquiatria, é consenso entre especialistas que, quanto mais cedo se inicia o uso de drogas, maior a probabilidade do desenvolvimento de dependência.
Confira quatro substâncias que costumam ser usadas como inibidoras de sono:

- Pó de guaraná: O guaraná em pó, derivado do mesmo fruto que dá origem ao refrigerante, é vendido por suas propriedades estimulantes. A principal delas se deve à cafeína, em alta concentração. É utilizado para combater o cansaço físico e mental.
Por ser mais fraco do que os demais inibidores de sono e ser associado a propriedades naturais da fruta, costuma ser considerado inofensivo. O risco de dependência é baixo: quando ocorre, é devido à cafeína, que está presente em dose maior do que no café.

- Energético: Os energéticos são bebidas produzidas a partir de uma série de substâncias estimulantes, entre elas também a cafeína. Comercializados livremente, são muito associados ao álcool para aumentar a disposição e a resistência em festas.

Segundo o professor de educação física Sionaldo Ferreira, da Unifesp, que estuda os efeitos do seu uso, do ponto de vista toxicológico não há grande problema na mistura. O que ocorre é que muita gente acha que vai ficar menos alcoolizada por tomar o energético junto e acaba consumindo bebidas alcoólicas em maior quantidade, explica.

Segundo ele, estudos epidemiológicos para avaliar a freqüência do uso de energéticos já estão sendo realizados, mas ainda sem resultados conclusivos. O que se sabe é que seu uso cresce. Segundo a Abir (Associação Brasileira de Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não-Alcoólicas), a venda de energéticos saltou de 15 milhões de latas, em 1999, para 77 milhões, em 2006.

- Metilfenidato: Droga estimulante geralmente prescrita por psiquiatras para o TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), é muito comum no tratamento de crianças e adolescentes. Tem tarja preta e, por isso, é de venda controlada, mas é comum a sua utilização como simples inibidor de sono. Diferentemente do energético, apresenta riscos consideráveis à saúde. Dependendo da dose e da mistura, pode causar taquicardia. Com outras drogas, "o risco de parada cardíaca é grande", diz Jacqueline Giusti.

- Anfetaminas: Trata-se de substâncias estimulantes que atuam diretamente no sistema nervoso central, aumentando o estado de vigília. Em sua maioria são proibidas, mas duas delas são comercializadas no Brasil sob prescrição médica. São também conhecidas como rebite ou bola. Muito receitado para a perda de peso, por inibir o apetite, o uso de anfetaminas é mais comum entre mulheres. Segundo a psiquiatra Ana Cecilia Marques, o uso prolongado das anfetaminas causa uma dependência muito difícil de tratar, como ocorre com a nicotina.


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Grande Oriente do Brasil – GOB.
Grande Oriente de Pernambuco – GOPE.
Dr. Marcelo Braga Sobra - Grão Mestre.
Psicólogo
Secretaria de Ações Paramaçônicas
Programa Maçonaria Contra as Drogas – A Favor da Vida
Dr. Hailton Arruda – Coordenador Estadual – GOPE.


Rev. Ielves Camilo - Facilitador.

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