segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

CULTURA + INFÂNCIA + PÉSSIMO EXEMPLO FAMILIAR = DEPENDENTE DO FUTURO.



Fatores Culturais Influenciam Uso do Álcool Entre Crianças

"Um estudo inédito desenvolvido por profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre revelou que os hábitos, a cultura e o ambiente são fatores que potencialmente influenciam o uso de álcool na infância. A pesquisa teve como base a cidade gaúcha Flores da Cunha, na região da Serra, considerada o maior pólo produtor de uva e vinho do País".

Região da Serra Foi Alvo de Pesquisa

O alcoolismo na infância é um problema social que deve ser discutido por todos. Muito embora se saiba que a grande maioria dos casos ocorra por influência de amigos e colegas de escola, é preciso prestar atenção para a influência do ambiente familiar. Pesquisas já comprovaram que o uso abusivo do álcool pelos familiares é capaz de levar uma criança a despertar inocentemente o interesse pela bebida.

No entanto, uma pesquisa inédita no Brasil, realizada por profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) no Rio Grande do Sul, estudou a influência dos hábitos regionais na incidência do uso de álcool entre crianças. A coordenadora do estudo, a gastroenterologista do HCPA, Themis Reverbel da Silveira, teve o interesse despertado pelo assunto quando, ao tratar vítimas de cirrose hepática por álcool, notou que três eram oriundas de uma região tradicionalmente produtora e consumidora de vinho no Rio Grande do Sul: a Serra Gaúcha.


(meus pais, meus exemplos... Meus héróis morreram de Overdose!)

Estudo Revelou Consumo Superior a Um Litro por Semana

O trabalho, intitulado "Consumo de Bebidas Alcoólicas por menores de 15 anos residentes em um município de colonização típica italiana no Rio Grande do Sul", foi realizado no ano de 1991 junto a 92 famílias residentes na zona rural do município de Flores da Cunha. Após analisar os hábitos familiares e acompanhar de perto uma criança de cada família, a pesquisa revelou que 58,5% das crianças ingeriam algum tipo de bebida alcoólica. A alta incidência foi diagnosticada em crianças com idade entre oito meses a nove anos. "As mães têm o hábito de molhar o bico da chupeta da criança, ainda muito pequena, no vinho", afirmou Themis. Mas ela ressalta que nada é feito de forma intencional. O que leva os pais a essa atitude são os hábitos culturais daquela região, típica produtora de vinho.

O que preocupa a especialista é a quantidade de álcool consumida pelos menores. Em alguns lares foi verificado que crianças chegavam a ingerir 1,3 litro de álcool por semana, sem que o alto consumo fosse notado pelos pais. "Um volume muito alto que chama a atenção", afirma. Outro resultado interessante da pesquisa é que 75% das crianças que faziam uso regular do álcool, no caso vinho e cerveja, eram do sexo masculino e apenas 25% do sexo feminino. Para a gastroenterologista do HCPA, esse dado revela a imposição machista que predomina naquela região. "Os pais consideram normal que o filho homem beba, até pela sua condição de macho", disse Themis.


Hábitos dos Pais têm Influência Direta

Entre os 58,5% das crianças que ingeriam regularmente o álcool no ambiente familiar, 100% dos pais e 75% das mães tinham o hábito de beber diariamente. "Além disso, 51% dos entrevistados tinham produção própria de vinho e 2% produziam em casa a graspa, bebida obtida pela destilação da uva fermentada", informa Themis. Para ela, todo o trabalho serviu para mostrar a facilidade do acesso da criança ao álcool no ambiente familiar. "O 'terreno' naquela região é altamente propício para que menores de 15 anos, no futuro, venham a constituir grupo de risco", salientou.

Estudos realizados com crianças em períodos distintos indicou a redução da idade média de início do uso do álcool. Um trabalho elaborado no ano de 1993 junto a escolas de dez capitais brasileiras mostrou que a idade média era de 13 anos. Já em outra pesquisa feita no ano de 1997, com crianças que já estavam em tratamento, a idade média passou para 11 anos.

Para a médica clínica especialista em dependência química do Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre, Elaine Segura, só há um jeito de uma criança desenvolver a dependência pelo álcool: usando. Neste sentido, o comportamento familiar tem importância fundamental. "O consumo de álcool pelos pais ou parentes próximos despertam o interesse das crianças. Pode acontecer a aversão pelo álcool nesses casos, mas não é freqüente", salientou Elaine. A experiência de oitos anos no tratamento de dependentes junto ao Setor de Alcoolismo e Dependência de Outras Drogas do Hospital Conceição leva a especialista a acreditar que, em alguns casos, as crianças passam a consumir o álcool com o propósito inocente de proteger os pais.

Também há relatos de crianças que passam a adquirir o hábito influenciadas pelas mães, Elaine explica. "Como o vício não é socialmente aceito entre as mulheres, muitas vezes as mães pedem para seus filhos comprarem o produto no bar. Isso gera um hábito na criança", afirmou. Vale lembrar que a legislação brasileira proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Na teoria, pois na prática a situação é bem diferente no Brasil.

"Em hipótese alguma deve se oferecer álcool a uma criança, mesmo quando imperem fatores como tradição e cultura", destacou a médica do Conceição. Os efeitos do álcool no organismo de uma criança têm um impacto muito maior em relação aos adultos pois, antes dos 14 anos, o fígado ainda não está pronto para metabolizar o álcool.

Alcoolismo Precoce Dá Sinais Específicos

O alcoolismo precoce compromete o desenvolvimento, a coordenação motora e o funcionamento do fígado. O uso excessivo de bebidas pode afetar praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo. O aparelho gastrintestinal é particularmente atingido. Podem ocorrer gastrites, úlceras, inflamação do esôfago, pancreatite e cirrose. Outros aparelhos atingidos são o cardiocirculatório (podendo ocorrer pressão alta, infarto do miocárdio) e o sistema nervoso (epilepsia, lesões em nervos periféricos).

O alcoolismo infantil dá sim, sinais claros. A combinação de três dos sintomas a seguir indica uso de álcool pelo jovem: mudanças bruscas de humor, isolamento, tonturas, inapetência, andar cambaleante, vermelhidão, enjôos, tremores, sonolência, agressividade e mau desempenho escolar. Ao diagnosticar o problema, os pais devem manter o diálogo aberto, mostrando o certo e o errado. Outra dica é buscar ajuda especializada para si mesmo.

Aumenta o Consumo Entre Adolescentes Brasileiros

Mesmo proibida para menores, a ingestão de álcool por adolescentes tem crescido nos últimos anos. Pesquisa feita em 1995, com 600 adolescentes do Rio de Janeiro e de São Paulo, revelou que 42% bebiam eventualmente, índice bem superior ao dos que usam maconha (4%) ou cocaína (1%). Outro estudo, realizado em 1996 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo em dez estados brasileiros, mostrou que 19% dos jovens entre 10 e 18 anos tomavam bebida alcoólica mais de seis vezes por mês. Em 1989, esse índice era de 14%. Os que consumiam álcool cerca de 20 vezes por mês passaram de 8% para 12%.

Estudos apontam que 10% da população brasileira, aproximadamente 16 milhões de pessoas, são alcoólatras e que apenas 20% deles se recuperam. Outros estudos apontam que havendo motivação e apoio familiar, a eficácia dos tratamentos fica em torno de 50%. A internação, ainda vista como a melhor alternativa pelos familiares, é indicada em menos de 10% dos casos.


Biotônico Fontoura na Mira do Governo

Comprar para as crianças fortificantes que estimulam o apetite antes das refeições pode tornar-se um ato ilegal. Um projeto de lei que proíbe a venda em São Paulo de produtos como Biotônico Fontoura foi aprovado pela Assembléia Legislativa. Segundo a deputada estadual Edir Sales (PL), autora da idéia, os fortificantes fazem com que os menores se tornem alcoólatras, caso tenham predisposição à doença.

"O Biotônico Fontoura, por exemplo, tem o mesmo teor alcoólico do vinho branco. Poucas mães sabem disso e dão a seu filho esses produtos sem saber que podem estar criando um alcoólatra", afirmou. Alguns médicos, no entanto, afirmam que a proposta não tem nenhum embasamento científico.

O Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal (CRF-DF) também encaminhou denúncia ao Congresso Nacional acusando o fabricante do remédio Biotônico Fontoura, a DM Indústria Farmacêutica, sediada em São Paulo, de manter o teor alcoólico da medicação acima do tolerável. O biotônico tem 9,5% de etanol em sua composição, concentração maior à de uma lata de cerveja, que apresenta 5% de álcool, em média. Segundo o CRF-DF, o excesso de álcool no produto pode levar crianças à dependência.






Fonte: OMS.


GOPE/GOB – Programa Maçonaria Contra as Drogas – Em favor da Vida/2009.
APOIO: TJMPE e PAEL

Rev. Ielves camilo - Facilitador.

Ano:XIII/2009.

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